Guarapuava - PR Alterar Cidade

“Somos uma Nação bruta”, diz delegado no 1º Ciclo de Debates sobre Violência Doméstica

12/03/2014

O evento que lotou o Salão Nobre da Faculdade Campo Real no primeiro dia do Ciclo de Debates sobre Violência Doméstica, levantou dados alarmantes. O número de feminicídios no Estado do Paraná supera anualmente ao número de assassinatos que ocorre no Japão. “Somos uma Nação bruta. Não somos violentos, somos violentíssimos”, afirma o Delegado de Polícia Ítalo Biancardi, que abordou o tema “Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher: Lutas e Vitórias”.

Estudo preliminar do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que, entre 2009 e 2011, o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios, ou seja, “mortes de mulheres por conflito de gênero”, especialmente em casos de agressão perpetrada por parceiros íntimos. Esse número indica uma taxa de 5,8 casos para cada grupo de 100 mil mulheres.

Em Guarapuava somente em 2013 foram mortas 7 mulheres e em 2014 mais um caso abalou a comunidade no bairro Bonsucesso. São vítimas que se unem as mais de  50 mil vítimas espalhadas pelo Brasil afora. São mais de 60 mil casos estupros registrados anualmente no país, fora os não denunciados por medo ou vergonha.

A violência doméstica no Brasil, como se constata por dados estatísticos, apresenta números alarmantes e, particularmente, em Guarapuava a quantidade de casos registrados de violência contra a mulher é crescente, e isso, juntamente com os casos de homicídios cometidos por companheiros, vem causando grande preocupação por parte das autoridades locais.

O  Ciclo de Debates vem suprir a necessidade de que cada vez mais profissionais se sensibilizem diante da violência doméstica, tornando-se capazes de encarar tal fenômeno a partir de uma ótica diferente daquela machista e que culpabiliza a vítima, e que o senso comum, até os dias de hoje tão arraigado.

A Lei 11340, mais conhecida por Maria da Penha, não conseguiu minimizar as cifras negras que colocam o país como um dos recordistas em casos de violência doméstica no mundo. “Falta de contingente, estrutura, investimento em formação e mudança de mentalidade e cultura são os maiores responsáveis pelo caos que vivemos”, afirma o delegado.

Acadêmicos de psicologia, enfermagem, serviço social e direito, além de profissionais da área de saúde, educação e assistência social voltam hoje (12) a lotar o Salão Nobre para ouvir a psicóloga Carine Suder Fernandes e a Juíza de Direito Drª Carmem Silvania Zolandeck Mondin.

 

Dia 12/03

19h – “A função do profissional que atua na rede de atendimento à vítimas de violência no processo de Resiliência”.

Palestrante: Psicóloga Carine Suder Fernandes

20h30min – Coffee Break

21h – “A experiência judicial no atendimento à Violência Doméstica”.
Palestrante: Juíza de Direito Drª Carmen Silvania Zolandeck Mondin

22h – Ciclo de Debates